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O caminho tum-tum


Hoje seguimos nosso caminho até Uyuni, onde chegamos no final da tarde. Acordei cedo para fotografar o amanhecer na Laguna Hedionda. Esperávamos encontrar mais flamingos, mas infelizmente havia poucos e se mostravam bastante ariscos e incomodados com a nossa presença. Havíamos dormido em um “eco-hotel” na margem do lago – bem simples, limpo, porém caro. Também pudera, está no meio do nada, a horas de viagem de qualquer vilarejo mais próximo.

Seguimos até a Laguna Cañapas, na base do vulcão do mesmo nome, cujo cume estava nevado. Depois enfrentamos o “caminho tum-tum”: 15 quilômetros de trilha por cima de pedra enormes. A origem do nome é o barulho que as pedras fazem ao baterem no fundo dos carros. Os jipes bolivianos, muito mais altos que nosso Duster, ainda cavam a trilha deixando um morro no meio com altura maior que os nossos pneus. O resultado é que precisei equilibrar o carro, colocando um pneu em cima desse monte e o outro no barranco de um dos lados. Os motoristas dos poucos carros com que cruzamos se mostraram incrédulos ao verem nosso Duster enfrentar essa aventura off-road.

O caminho tum-tum termina na “rodovia” que liga Uyuni à fronteira com o Chile. É uma estrada de terra compactada com sal que passa por paisagens surreais. Infelizmente pouco pudemos parar, pois não só a luz estava ruim (sol de meio dia não é propício para fotografar ou filmar) como queríamos chegar em Uyuni no meio da tarde para dar tempo de achar um hotel.

Uyuni em si é uma cidade cheia de turistas gringos procurando aventura, mas não é nada turística. Os hotéis não são nada atraentes, e no que acabamos ficando a dona, infelizmente, não foi nada simpática. Mas aqui um aparte precisa ser feito: fala-se muito mal no Chile sobre os bolivianos, mas constatamos que sua má-fama é completamente imerecida. Muito pelo contrário – todos que encontramos foram extremamente simpáticos, honestos e generosos mesmo na sua pobreza. São sim às vezes fechados e tímidos, mas a Bolívia mostra-se ser um país ao qual voltaremos muitas vezes para conhecer melhor, não só pelos seus encantos naturais como pela sua riqueza cultural.


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