Vulcão Lascar, 5.600 m.s.n.m
Nosso guia de montanha Gustavo chegou às 6:15 e saímos no carro dele para o vulcão Lascar. O amanhecer no Atacama reserva poucas imagens bonitas, pois o sol nasce atrás das montanhas, deixando as planícies banhadas em sombras. Paramos para tomar café da manhã na beira do Lago Lejia, no meio de vários vulcões – inclusive o Lascar. Conseguimos chegar com o veículo de Gustavo até uns 4.800 ou 4.900 metros de altitude – não há estrada e quanto cada veículo consegue subir depende da sua força, da habilidade do motorista e da estabilidade do solo.
A subida para o cume do Lascar foi bem mais fácil do que eu imaginava. Subi até os 5.600 metros da beira da cratera em duas horas e meia, sem sentir nenhum cansaço ou mal de altitude – o segredo é sempre respirar profundamente e andar de forma lenta e ritmada. O Lascar é um vulcão ativo, com fumarolas soltando gases tóxicos constantemente. Por isso, dependendo da direção do vento, às vezes nem é possível se aproximar da cratera. Hoje havia pouco vento, mas mesmo assim o cheiro de enxofre na borda às vezes ficava insuportável – diria que é aqui que o diabo vem peidar...
De acordo com Gustavo, nesta região do Atacama há a maior concentração de montanhas sagradas de toda a cordilheira dos Andes, e há muitos altares e restos mumificados de crianças sacrificadas aos deuses nos cumes. Inclusive – de acordo com Gustavo – montanhistas locais conhecem vários locais que ainda estão intactos mas cuja localização eles não revelam para que não sejam perturbados por arqueólogos ou saqueadores, pois isso seria um sacrilégio.